Já cansa ouvir os sins a gritar que a questão essencial aqui é a despenalização.
Talvez até seja. Mas é desonesto esconder que a resposta tem muito mais implicações do que a mera despenalização.
O problema da discussão sobre o aborto surge da circuntância de não existir coerência em soluções intermédias. Até o Prof. Marcelo irá percebê-lo, um dia. Ou seja: com a despenalização chegam as clínicas privadas, mas, num sistema tão estatocêntrico como o nosso, de tão fraca concorrência e com agentes económicos tão indolentes, não poderá deixar de ser o aborto, ou a cosmética IVG, praticado nos hospitais públicos. Afinal, ou bem que chega a todos, ou bem que se deixa o mercado negro tratar do assunto.
Assim, com a despenalização chegamos à liberalização, admitimos a possibilidade a cada mulher de praticar livremente o aborto até às dez semanas, oferecemos-lhe a possibilidade de o fazer e financiamos a mesma com os nossos impostos. E desta consequência não podemos fugir.
Ora, para quem considera que a proibição do aborto é um imperativo moral, e que, como tal, o Estado tem de tomar uma posição sobre o assunto, a liberalização é algo que tem de ser muito difícil de aceitar.
Como tal, há que ter respeito pelos nãos e convencê-los com um argumento que esteja ao nível de um imperativo moral. Há que responder com outro imperativo moral, com a necessidade absoluta e imperativa de pôr fim a um flagelo. É absolutamente nojento o que se passa em Portugal com a prática, tolerada por todos, do aborto ilegal. E o que é facto é que não oiço nenhum não a bater-se tão furiosamente por este imperativo moral como se batem pela protecção da vida intra-uterina. E chamem-lhe assim, porque no útero às dez semanas não está uma pessoa, está um potencial de vida humana que também quero proteger mas que não se sobrepõe à minha vontade de acabar com pinças em alguidares ensanguentados que passam de um útero ao outro a troco de cem contos. E, neste momento, não consigo conceber, por muita ginástica jurídica que faça e por muito que oiça o Prof. Marcelo esforçando-se no mesmo sentido, uma situação intermédia que ponha fim ao flagelo.
Desta forma, por caridade, voto sim.
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
É andar de mota sem capacete e cenas assim
Fumadores com lesões no cérebro esqueceram-se da vontade de fumar
E se de repente perdesse a vontade de fumar e largasse os cigarros de um dia para o outro, sem dificuldade nem recaídas? Foi o que aconteceu a fumadores que sofreram lesões numa região do cérebro, a ínsula.
E se de repente perdesse a vontade de fumar e largasse os cigarros de um dia para o outro, sem dificuldade nem recaídas? Foi o que aconteceu a fumadores que sofreram lesões numa região do cérebro, a ínsula.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
verdades que não servem para muito
O drama do sim é que tem de considerar a possibilidade de alienar votantes, cuidado esse que o não pode dispensar.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Your moment of Zen
Don't leave your future in the hands of a (wo)man who does'nt know how to use a swiss army knife in the correct fashion. Vote with your heart!
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Sem trabalho parte dois
Contaram-me hoje que uma tipa qualquer que casou com tipo qualquer da realeza grega teve uma mãe que lhe disse “Filha, se fores magra e bem-feitinha, terás o mundo aos teus pés”.
Com a minha mãe multiplicaram-se as cenas do tipo “Filha, estuda para teres um futuro” ou “a maior herança que vos posso deixar é uma boa-educação”.
Agora digam-me, o que é que eu faço com esta merda?
Com a minha mãe multiplicaram-se as cenas do tipo “Filha, estuda para teres um futuro” ou “a maior herança que vos posso deixar é uma boa-educação”.
Agora digam-me, o que é que eu faço com esta merda?
Patético
Primeiro dia no departamento novo
Muito parado... nada do stress que me prometeram e com que ingenuamente me ameaçaram, nada de kilos de trabalho apenas gramas, nada de noitadas depois de um jantar deprimente no restaurante chique-decadente logo mas logo em frente ao escritório.
“Mas isto é mesmo assim, é por picos, aproveita porque daqui a nada estarás a ansiar um dia assim mais paradinho”.
Segundo dia no departamento novo
Será que sou eu?
O que aqui esteve antes de mim proclama para quem o quiser ouvir que nem teve tempo para respirar quando foi a vez dele.
Terceiro dia no departamento novo
Sou eu.
Quarto dia no departamento novo
Mayday.
Ninguém aguenta a minha tromba.
Quinto dia no departamento novo
19:30 (depois de implorar labor o dia inteiro)
“Tenho aqui uma coisa que podes fazer, para amanhã durante o dia. Achas que tens tempo? Eu sei que é muito em cima.”
Talvez tenha. Vou ver nos meus pendentes.
Sexto dia no departamento novo
8:30
Pronta para começar.
Começo.
Continuo, continuo, continuo, até às 18:30, quando o ritmo começa a diminuir (considerar pausa de 40 minutos para almoçar).
Sorrio para todos, desaparece uma nuvem cinzenta, o marido respira de alívio e pensa “Deram-lhe trabalho, graças a Deus.”
Sétimo dia no departamento
10:00 (a lista de pendentes desapareceu, por isso achei que podia)
Cá estamos.
Descobri que vivo para o trabalho, mas só quando ele não existe.
Muito parado... nada do stress que me prometeram e com que ingenuamente me ameaçaram, nada de kilos de trabalho apenas gramas, nada de noitadas depois de um jantar deprimente no restaurante chique-decadente logo mas logo em frente ao escritório.
“Mas isto é mesmo assim, é por picos, aproveita porque daqui a nada estarás a ansiar um dia assim mais paradinho”.
Segundo dia no departamento novo
Será que sou eu?
O que aqui esteve antes de mim proclama para quem o quiser ouvir que nem teve tempo para respirar quando foi a vez dele.
Terceiro dia no departamento novo
Sou eu.
Quarto dia no departamento novo
Mayday.
Ninguém aguenta a minha tromba.
Quinto dia no departamento novo
19:30 (depois de implorar labor o dia inteiro)
“Tenho aqui uma coisa que podes fazer, para amanhã durante o dia. Achas que tens tempo? Eu sei que é muito em cima.”
Talvez tenha. Vou ver nos meus pendentes.
Sexto dia no departamento novo
8:30
Pronta para começar.
Começo.
Continuo, continuo, continuo, até às 18:30, quando o ritmo começa a diminuir (considerar pausa de 40 minutos para almoçar).
Sorrio para todos, desaparece uma nuvem cinzenta, o marido respira de alívio e pensa “Deram-lhe trabalho, graças a Deus.”
Sétimo dia no departamento
10:00 (a lista de pendentes desapareceu, por isso achei que podia)
Cá estamos.
Descobri que vivo para o trabalho, mas só quando ele não existe.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
Ditados
Ainda hoje guardo na memória o resultado do meu primeiro ditado. Corridos 18 anos e ainda consigo ouvir a voz da Irmã Espingarda “Zero erros, mas deixaste muito espaço entre as palavras”.
Penso muitas vezes que o comentário resume a minha existência.
Penso muitas vezes que o comentário resume a minha existência.
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