terça-feira, 24 de abril de 2007

Sobre a condição feminina

As mulheres são seres complexos que habitam este pequeno mundo. Não, minto. São os seres mais complexados que aqui andam. Se a palavra “Juíza” não existisse, e o feminino de “Juiz” fosse simplesmente “Juiz”. Se para me referir a uma Juiz fêmea, devêssemos dizer “a Juiz”. Nesse caso, teria dificuldades em perceber porque que não assistiríamos a manifestações de rua e mobilizações em massa pelo devido feminino. Eu própria estaria na rua batendo-me pelo meu direito a chamar e ser chamada de “Juíza” (fora-o eu). Mas a palavra, felizmente, existe. “Juíza”, “JUÍZA”, a feminina fêmea que aplica a lei, la bouche qui prononce les paroles de la loi. Assim, porquê? Por que alma penada veraneando no purgatório é que cada vez que se envia uma peça processual dirigida à Exma. Senhora Juíza de Direito, a mesma corrige a dita, com o atrevido lápis razorando o assento e cortando a letra definidora do seu e do meu género?

A verdade é que se tornou sinal de complexo de inferioridade uma mulher fazer referência a qualquer desigualdade ou reivindicar qualquer diferenciação positiva em prol da igualdade. A verdade é que o novo discurso da mulher descomplexada que vence no mundo dos homens sem aceitar nem sequer admitir sem conceder que a desigualdade possa existir, admitindo cortesias que de subjugantes passaram a gentilezas que condescentemente se toleram e, por ventura, exigem, nos transformou em perfeitas complexadas.

Nada de exageros. A mulher des(complexada) sabe nada lhe estará vedado por conta do A. Ainda assim, deveria, pelo menos, admitir que o A lhe pode tornar a vida um nadinha mais difícil e interrogar-se porque é que na faculdade integrava uma estatística 85% e no escritório (na base da cadeia alimentar) integra uma de 60%; porque é que, se chegar ao topo, a estatística que a englobará será de 20%.

JUÍZA


s. f.,

mulher que dirige certas festividades de igrejas;
mulher que desempenha as funções de juiz.


Em http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

A Toga

Pela primeira vez - depois de ter estado numa audiência de julgamento a representar um arguido no âmbito de nomeação oficiosa pela Ordem dos Advogados onde era a única que não envergava tão sublime vestimenta, facto que me valeu os olhares de alto a baixo e comentários inaudíveis da Juíza (sim, JuízA) e da ilustríssima representante do Ministério Público e seus dois neurónios - resolvi envergar A Toga.

Coloco-a sobre os ombros e imediatamente começo a sobrevalorizar as minhas capacidades.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Dia mau

Por engano, apanho o metro na direcção contrária. Por uma fracção de segundo pensei em deixar-me ir.

Dia de S. Receber

Desde Setembro de 2005 que o dia 23 de cada mês assumiu uma importância singular na minha vida. No início de cada dia 23, oiço as vozes dos Xutos e Pontapé a assegurarem-me que é dia de São Receber.
O dia 23 de Abril de 2007 conseguiu juntar os Xutos e os anjinhos a cantar o Aleluia; finalmente, aos poucos, reconhecem-nos o esforço e retribuem, como sabem, é claro, e com os recursos parcos de que dispõem, o nosso pequeno contributo.

Mas a coisa não fica aqui. Num qualquer dia deste mês, outro evento vai ocorrer; i´m pretty sure.
Isto é, Ela que, segundo consta, já ligou para todas as fontes a perceber a diferença de valores, vai devolver-nos, aos 9, a diferença.

Tenho a certeza de que uma mulher, digna, não cínica, atenciosa, amiga e companheira, cederá perante estes/ os seus próprios valores (bancários). Esta mesma, que por aqui reside profissionalmente pelo bom nome da Casa, e unicamente por isso, sentir-se-á imbuida de um sopro e devolverá a materialidade que a sustenta; leia-se dinheiro.

Afinal, em abono da verdade, Ela nem o merece.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Veneno de ratos

Isto parece-me importante.
Há uma pessoa que eu não adoro, não adoro porque ela não tem bom fundo, tem um sorriso duvidoso e não tem ponta de dó e piedade das figuras patéticas com que, diariamente, nos brinda.
Não foi preciso a minha Mãe ou a minha Avó aconselharem-me, para eu saber que não tenho de gostar de tudo o que tem duas pernas e imita, incessantemente, o macacão do sapiens.
Com esta pessoa já mantive as conversas mais estupidificantes da minha vida, já lhe vi o indicador apontado em riste na minha direcção, ameaças explícitas e sorrisos cínicos.
Eu, por mim, não sou mulher de me calar, gozo do dom da palavra, na medida em que preciso dela para respirar; nem que seja para respirar em ares sujos e pesados pelo oxigénio mastigado por demais criaturas que se ocupam dos outros, numa de "deixa-me lixar-te, lixar-te, lixar-te."
Ontem, aconteceu-me um dos momentos mais dignificantes, e ao mesmo tempo mais estúpidos da minha respiração. Eu passei por essa pessoa, pela segunda vez naquele dia, já depois de um bate-boca matinal agradável, ela interpelou-me com provocações não muito intelectualizadas - mas a quem tem pouca energia intelectual não se pode pedir mais - e eu respondi-lhe: "Cuidado contigo porque como estás a comer pastilha, ainda trincas a própria língua e morres com o teu veneno. Cuidado".
Ela, agora, diz que eu quero que ela morra.
Adoro quando esta gente admite a sua própria estupidez e maldade. Pobre do homem que lhe anda a dar beijinhos na boca; olha-se ao espelho e tem a boca roxa de veneno para os ratos.

Pérolas


- You were going to be a gymnast.

- A journalist.

- Right, that's what I said.

Saídas que diminuem consideravelmente as suas hipóteses

Estás cada vez mais parecida com a minha mãe.

Gestão de um capital de aprovação

Manter o outro viciado, sedento, dependente de aprovação. Bem feitas as coisas e a potencial valorização deste activo é imensa: quero que castigar-te, quero que sofras – digo-te que me desiludiste; quero agradar-te sem qualquer fim altruísta, apenas para me sentir bem ou conseguir algo de ti – digo-te exactamente aquilo que queres ouvir. Que faço com muito do primeiro e um pouco do segundo? Mantenho-me dependente.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Google Talk

vou lançar um "call for brides"
com CV e "personal statement"
também pensei em pedir cartas de recomendação...

mas essas necessariamente teriam de vir de relações fracassadas (o que não faria mto sentido)

"Assumo que oficialmente beijei mais do que uma senhora"

Macário Correia deu uma pequena entrevista que acaba por se traduzir num pequeno manual sobre como ganhar um lugar no céu:
- tirar dois cursos ao mesmo tempo e fazer um mestrado em França
- trabalhar 17 horas por dia
- ir buscar a correspondência da Câmara aos Correios
- ir de bicicleta buscar a correspondência da Câmara aos Correios
- exercer 15 cargos não remunerados
- ter uma "pequena agricultura"
- saber escrever com cabos de enxadas
- praticar marcha, cicloturismo e btt
- dizer frases parvas como "comprei uma vez um maço de cigarros, quando tinha 14 anos. Não o acabei e ainda hoje não consigo perceber como é que as pessoas metem na boca e chupam tantas vezes ao dia uma coisa que sabe tão mal" e não se rir a seguir.

terça-feira, 17 de abril de 2007

não está nada azul




Ao que parece, o Jeff Tweedy separou-se da mulher. Péssima notícia para os seus pulmões, óptima para os meus ouvidos. É fácil reconhecer a importância que assume a perda na inspiração dos artistas. Sem querer ir mais longe, soube há pouco tempo que o tipo dos roxette começou a escrever baladas depois de todos os membros da sua antiga banda terem ido para a tropa (a ideia de ler a biografia dos roxette surgiu-me um dia em que testei a possibilidade redigir um livro chamado “1001 coisas para fazer logo a seguir a morrer”, ideia esta que, tal como os discos dos roxette, acabou arrumada no fundo da estante, representando aqui a estante a minha profunda idiotice)Depois do mal amado último álbum – que criou o fantasma da impossibilidade de reproduzir a façanha de fazer o melhor disco de toda a história do meu quarto, o “yankee hotel foxtrot” –, o Jeff resolveu escrever um disco como quem corta os pulsos. E isto é sempre tão bom, ter o privilégio de ser os free riders da sua depressão (desde o brilhante post da Mariana, decidi que, sempre que possa, vou tentar recorrer a conceitos económicos). Começa-nos por dizer “Maybe the sun will shine today” e inicia um balanço que nos faz pensar “este caralho está a tentar convencer quem, aqui cheio de esperanças?” Uns versos à frente já se ouve violinos e um tipo sabe que isto não vai acabar nada bem. O certo é que, depois uma dúzia de músicas a varrer o soul (“side with the seeds”), o country (“sky blue sky”), o rock (“walken”) e a casa (“hate it here”), já está de joelhos a pedir à miúda que volte, que é assim que tem de ser e não sei quê.
É sempre tão bom, quando um país deixa de produzir canhões para produzir o melhor disco do ano (reparem que aqui até consegui martelar uma mensagem política popularucha).


PS: O álbum "sky blue sky" sai no dia 15 de Maio e a melhor forma de comprá-lo é através da music wow
PS2: Já depois de escrever isto, vi, no youtube, meia dúzia de vídeos recentes do Jeff Tweedy, e aparentemente afinal está aí para as curvas. Ainda assim, não vou apagar o post. Desconsiderem o facto deste estar completamente errado e liguem só à mensagem política.

Insólitos na Administração - Over and out

Suponho que insólita mesmo tenha sido a circunstância de o esquecido da 1ª Instância, graças a algum infortúnio do qual nunca tomarei conhecimento, não possuir uma das mãos (a direita). De igual forma, provavelmente, nunca saberei que infortúnio o fez escolher um sinistro gancho de metal em lugar da convencional e literal prótese.

Insólitos na Administração - O armazém de Vila Franca

- Bom dia, precisava de consultar os seguintes processos se faz favor.
(estendo-lhe uma lista com cerca de 15 números)
- Xiii, vai consultar isso tudo?
- Bem, só tenho a referência destes, mas julgo existirem mais sobre o mesmo assunto, quero tentar perceber o que se passou aqui, por isso só consultando todos.
(depois de ver nos livrinhos dela, manuscritos porque aqueles monitores de écrã plano são só para enganar - deram-lhos quando foi do simplex, mas nunca explicaram para que serviam)
- Isso já transitou tudo em julgado, quando é assim mandamos de volta para a primeira instância.
- E onde fica o tribunal de primeira instância?
(não me orgulho da pergunta mas estou há pouco tempo em fiscal e, claramente, apesar de andar praí a impugnar como se nao houvesse amanhã, não percebo muito do assunto)
- Ah, foi extinto.
(É verdade! A reforma do contencioso administrativo... Ok, esclareço isto no escritório. Mas espera lá que a 1ª Instância era na Braamcamp. Já que o escritório é mesmo ali ao lado, vou ver se ficou lá alguém esquecido que me possa ajudar)

Braamcamp, 5, ex-Tribunal de 1ª Instância Tributária, actuais Juízos de Execução.
E não é que ficou.

- Bom dia, estou à procura de uns processos que vinham da antiga 1ª Instância Tributária, sabe dizer-me para onde foram depois da extinção da mesma?

- Bem, uma série deles foi para um armazém em Vila Franca.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Mau gosto

No seguimento de alguns posts da semana passada cerca de metade das nossas leitoras reagiram contra o alegado mau gosto e sexismo dos textos em causa. A essa pessoa terei de dizer que mau gosto e sexismo seria escrever um post sobre menstruação chamado “Ninguém pára o Benfica” ou outro mais geral sobre mulheres com o título “O fiel amigo”. Não o farei e acho horrível ter sido obrigado a escrever isto.

Abram alas pró Noddy


Sábado de manhã (às oito horas e trinta minutos, para mais específica ser) foi dia de babysitting ao sobrinho de ano e meio.

Às oito horas e quarenta e cinco minutos entrei em pânico quando percebi que tinha de lhe dar a papa sem a cadeira própria onde sentar (e amarrar) o rebento.

Coloco o Noddy no leitor de dvd, ao que se seguem horas de puro hipnotismo e contemplação.

Apercebo-me de que o Noddy é um brinquedo com uma moral curiosa e, por vezes, perversa.

Não é apenas o facto de ter veiculado, por diversas vezes e a propósito de um espectáculo de circo que os brinquedos estavam a organizar, que «os melhores artistas são os nossos amigos». Quando me propus a intervir, o tio explicou-lhe que esta cultura de favoritismo e amiguismo estava a dar cabo do panorama cultural português.


Acho que percebeu.


Chocou-me mais, porém, a cena em que os brinquedos se encontraram para discutir quem iria à frente no cortejo anual da cidade dos brinquedos, sem conseguirem chegar a acordo:


1.º O Noddy sugere que seja o Orelhas a escolher, discricionaria a arbitrariamente, visto que eles não conseguem.


2.º Porquê o Orelhas? Porque é o único que não é um brinquedo (é um gnomo).


3.º Talvez 2.º faça sentido na terra dos brinquedos, mas acho que nem neste lugar sinistro fará sentido o que se passou a seguir - como todos os brinquedos queriam ser os primeiros, e tendo o Noddy sido o único a graciosamente alvitrar que «não me importa ser o terceiro, quarto ou o último, só quero é participar» (nesta parte desatei ao palavrão, mas acho que o puto não percebeu), o Orelhas escolheu precisamente o Noddy.


4.º Porquê o Noddy? «Porque foi o único que não quis ir em primeiro.»


Que anãozinho irritante.


Expliquei ao João, pacientemente, que a opção do Orelhas assenta numa concepção deontológica da moral, constitutivista, que, embora cheia de valor filosófico, pode tornar pior a vida das pessoas e insurgir-se contra teorias mais liberais como as que são defendidas lá em casa. Que, de um ponto de vista consequencialista e utilitarista (no bom sentido, claro), o Orelhas teria feito uma opção claramente ineficiente, ao atribuir um benefício a quem não o valorizava, e que, como tal, dele não retirou qualquer utilidade, privando da mesma quem efectivamente valorizava ser o primeiro (todos os outros brinquedos). Por outras palavras, o Noddy ficou na mesma e pelo menos um brinquedo ficou pior do que poderia estar. O Orelhas não procedeu a um movimento de Pareto. Além de se me escapar a moral deontológica da coisa. O Orelhas bem nos podia ensinar algo para além da sua moral paranoica de que é absolutamente errado e insensato querer ser o primeiro a liderar um cortejo de brinquedos.


Acho que ele percebeu.


sexta-feira, 13 de abril de 2007

ponto negro.

O JOGO DA BOLACHA É O NOJO!!

Jogo da Bolacha!

http://www.dgidc.min-edu.pt/despescolar/newsletter/modalidades/campeonatos_2003_2004/nacionais/castelo_branco/programa_familias.html

PROGRAMA FAMÍLIAS - DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA
Animação Desportiva
Escola EB 2,3 Afonso de Paiva – Castelo Branco

Período da Manhã

10:30 Horas – Início da Actividade

Jogos Tradicionais:

Corrida de Sacos
“Andarilhas”
Jogo dos Peixes (Pioneiros Nemo)
Jogo do Balão
Jogo da Malha
JOGO DA “BOLACHA”
Jogo das Latas

É suposto as crianças (leia-se, os meninos) jogarem à "Bolacha"?!

acórdeão

O estatuto de gentleman reside, em grande medida, na capacidade de gerir conversas habilmente. Um gentleman precisa de compreender a dinâmica própria das conversas de circunstância. Manipulá-las como um acórdeão, uma metáfora assim (a minha capacidade de criar metáforas é miserável, razão pela qual nunca me admitiriam no bloco de esquerda), obedecendo à seguinte matriz:
quanto maior o afastamento entre os interlocutores, mais generalista o tema (paradigma: o tempo)
quanto maior a proximidade, mais específico o objecto de conversa (paradigma: penugem)

Vejamos exemplos.

- Olha o Pedro, já não te via há uns tempos. O que é que tens feito? Sempre foste para medicina?
(Aqui cumpre expandir o acórdeão, de modo a atirar o interlocutor para lá de Andorra)
- Era mesmo para ter ido, mas depois parece que se pôs uma aragem.

Em sentido inverso:

- A sério, Pedro, hoje estiveste óptimo. Hoje, quer dizer, tu ÉS óptimo.
(Contrair o acórdeão)
- Ora essa, eu é que te agradeço pelo look pré-adolescente com que me brindaste.

Advocacia Literária ou O 16 da Católica

...é que é tipo, do género, ó bem que é um gestor de conta, ou não. Agora um "executivo de conta"... tipo do género parece-me que não está lá muito correcto.

Advocacia preventiva


Qualquer litígio relativo à interpretação ou execução do presente contrato será dirimido por meio de um jogo da bolacha, à melhor de três, em que participarão os administradores executivos das Partes.

Experimentem inserir esta cláusula num contrato para ver se alguém se chateia por dá cá aquela palha.

Já estou a ver a cena:
- Ó não sei quantos, vocês não estão a agrafar as folhas conforme o estabelecido no contrato
- Mas estamos a utilizar dois clips, é a mesma coisa
- Não, tem de ser assim e assado
- Tudo bem, vamos a um joguinho da bolacha? Olhe que eu quando me enervo sou um instantinho
- Deixe lá isso

lábia mantorras



- A sério, Sarah, só preciso de ritmo de jogo.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

cenas que, provavelmente, não marcam pontos para a advogada-estagiária

Advogada associada dirige-se à impressora, pega nuns papeis, uns que correpondem a ordens de impressão dadas por si, outros que não.

- Se estiver aí um mapa astral é meu.

Vai um BigMac?

Não, estou a poupar para uma impugnação pauliana.

Era mentira



"Nunca o vi na faculdade"
Fernando Santos, torcendo a boca.
«Voltando ao exame de ontem: essa licenciatura não lhe pode ser recusada. Passou e publicamente

in: Editorial de hoje do Diário do Governo, perdão, de Notícias.

Estagiário em Roma

- O que é isso de ser estagiário?
- Imagina Alexandre o Grande a entrar triunfantemente em Roma comandando uma legião de elefantes e sendo aclamado por centenas de milhares de pessoas. Sente-se perfeito, maior e mais poderoso que qualquer outro homem, um deus.
- Estou a ver
- Alguém vai ter de limpar a bosta dos elefantes. Durante o fim-de-semana.


Disclaimer: é capaz de haver um certo número de erros históricos

Só para dizer

Só para dizer que não tenho nada para dizer (ontem perdi os primeiros minutos da entrevista ao Sr. Primeiro-Ministro, por isso só apanhei a parte who gives a fuck sobre o estado do país, sobre o défice, sobre a OTA, sobre a reforma da administração pública).


Mas não quero deixar de embelezar este blog.


Assim:




MEMÓRIAS DE INFÂNCIA ou O HOMEM QUE SABIA DEMAIS

(perante o estrago...)

- Joãaao, quem fez isto?!

- Não sei. Só sei que foi com o martelo.

O busílis

Sócrates podia ou não ter participado no saudoso programa da Mila Ferreira?

Externalidades

A paragem de autocarros disse-me ontem, de relance, ali junto à rotunda do relógio, que se o Pedro Abrunhosa não tivesse estudado provavelmente seria, ao contrário de um música parolo com coletes e óculos parolos, um arrumador de salas de cinema com um colete parolo e uns óculos parolos. Ou seja, o mundo seria igual mas sem isto



Era ter carregado nas proprinas.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH.

Não sei quem és, mas conheço parecido.


Estagiário de escala

- Portanto o que o senhor me está a dizer é que estava a cortar lenha e a sua mulher se meteu de costas à frente do machado para se tentar suicidar?
- Exactamente sotôr
- Mas o senhor ainda lhe deu três ou quatro machadadas com toda a força, não foi?
- Estava distraído a pensar na vidinha, sabe como é…
- Desculpe estar a ser picuinhas mas os juízes às vezes implicam com as coisas mais pequeninas
- É o seu trabalho sotôr, até lhe agradeço
- Diga-me mais uma coisa, costuma cortar lenha no sofá da sala?
- Já estava a ficar frescote e não quis ir lá para fora sotôr
- Claro, as mudanças de temperatura são um perigo
- E então sotôr, está confiante?
- Estou estou, diga-me só se já veio prevenido de casa ou se quer que eu lhe leve preservativos à prisão?

terça-feira, 10 de abril de 2007

E se revíssemos prioridades?

"É irrelevante que o facto divulgado seja ou não verídico para que se verifique a ilicitude a que se reporta este normativo, desde que, dada a sua estrutura e circunstancialismo envolvente, seja susceptível de afectar o seu crédito ou a reputação do visado"...

...Considerou o Supremo, em sede de recurso de um processo que opunha o Sporting Clube de Portugal a três jornalistas do Público, por terem os últimos noticiado, em 2001, que o clube tinha uma dívida ao Estado de 460 mil contos desde 1996 (acórdão do STJ de 8 de Março).

Ao contrário do sistema americano, em que a fronteira entre a veracidade e a falsidade da informação é a mesma que separa a licitude da ilicitude, no nosso sistema, protege-se o bom nome da maledicência da verdade.

Ao contrário do sistema americano, em que a informação nunca é superlativa, em que os indivíduos são seres racionais capazes de tomar decisões que maximizam o seu bem-estar, premissa apenas contrariada por falhas de informação, há valores que se sobrepõem à verdade e à livre expressão.

Vale a pena proteger o Bom Nome que não sobrevive à Verdade?


É tão óbvio o paralelo que se pode estabelecer entre este acórdão do STJ e os acontecimentos que marcam a actualidade nacional, que me recuso a fazê-lo.

Estagiário na repartição

- A lei não exige a entrega da declaração em triplicado
- Aqui na repartição fazemos sempre assim
- Mas não há qualquer fundamento!
- Olhe, eu trabalho aqui há 12 anos
- Está bem, mas eu não tenho culpa, tivesse estudado mais um bocadinho

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O momento mais espiritual do meu dia/ Invocando o Seu nome em vão

Olhando para um cesto de meias e cuecas que o meu marido nunca vai dobrar: "Oh, meu Deus."

Cedendo à piadinha fácil

Tinha que vir merda do primeiro post do Fred (AKA, FLUF).

Estagiário salva o planeta

- Se usares o mesmo copo de plástico todo o dia em vez de gastares um de cada vez que bebes água poupas o equivalente a 20 árvores por ano
- Sim, e se em vez de papel usares o dedo para limpar o ânus salvas umas 30

qual é a ideia?

MDUS, deixa os gajos ignorantes; convencidos de que é muita melhor ter uma mulher inteligente e com vontade própria, do que uma peça de plástico sem maminhas, de piruca escorrida, com um biquini feito com restinhos de tecidos, e olhos de lentes. A sentir o mundo com um corpo de superfícies diminutas, incessantemente à procura de si mesmo para depois encontrar, ainda, o seu lugar no mundo. Prefiro o meu corpo de volumes e espaço concedido neste mundo de trinca-esp(ad)inhas.

I guess.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Instinto (de sobrevivência) de mulher

Sinto o sol de inverno e fim de tarde a bater-me na janela e dá-me uma ânsia súbita de Verão e praia e, quando dou por mim, estou perdida em fúteis pensamentos sobre renovar o armário dos biquinis, podia comprar um modelito assim, e assado, etc.


Eis senão quando, navegando, me deparo com esta sócia.



Sei o que estão a pensar:

«com este loiro de farmácia nenhum homem lhe pega, coitada».

ps: Acho que este Verão vou usar fato-de-banho.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

As pessoas sensíveis

As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.


Sophia de Mello Breyner Andresen
(Livro sexto)