quinta-feira, 19 de abril de 2007

Veneno de ratos

Isto parece-me importante.
Há uma pessoa que eu não adoro, não adoro porque ela não tem bom fundo, tem um sorriso duvidoso e não tem ponta de dó e piedade das figuras patéticas com que, diariamente, nos brinda.
Não foi preciso a minha Mãe ou a minha Avó aconselharem-me, para eu saber que não tenho de gostar de tudo o que tem duas pernas e imita, incessantemente, o macacão do sapiens.
Com esta pessoa já mantive as conversas mais estupidificantes da minha vida, já lhe vi o indicador apontado em riste na minha direcção, ameaças explícitas e sorrisos cínicos.
Eu, por mim, não sou mulher de me calar, gozo do dom da palavra, na medida em que preciso dela para respirar; nem que seja para respirar em ares sujos e pesados pelo oxigénio mastigado por demais criaturas que se ocupam dos outros, numa de "deixa-me lixar-te, lixar-te, lixar-te."
Ontem, aconteceu-me um dos momentos mais dignificantes, e ao mesmo tempo mais estúpidos da minha respiração. Eu passei por essa pessoa, pela segunda vez naquele dia, já depois de um bate-boca matinal agradável, ela interpelou-me com provocações não muito intelectualizadas - mas a quem tem pouca energia intelectual não se pode pedir mais - e eu respondi-lhe: "Cuidado contigo porque como estás a comer pastilha, ainda trincas a própria língua e morres com o teu veneno. Cuidado".
Ela, agora, diz que eu quero que ela morra.
Adoro quando esta gente admite a sua própria estupidez e maldade. Pobre do homem que lhe anda a dar beijinhos na boca; olha-se ao espelho e tem a boca roxa de veneno para os ratos.

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